Começou esta segunda-feira o primeiro julgamento de um acusado de destruir um Patrimônio Histórico Mundial, os monumentos de Timbuktu, no Mali, construídos no século 5, mas que tiveram seu apogeu econômico e cultural entre os séculos 15 e 16.
No Tribunal Penal Internacional, em Haia, na Holanda, Ahmad Al Faqi Al Mahdi declarou ser culpado do “crime de guerra relacionado à destruição de monumentos históricos e religiosos em Timbuktu” entre junho e julho de 2012.
Tendência
Este é o primeiro caso internacional desse tipo julgado pelo TPI e por isso o secretário-geral da ONU considera um fato “histórico”. Para Ban Ki-moon, o caso chama a atenção para o aumento de uma tendência que preocupa: “a destruição de patrimônio cultural em conflitos armados”.
Ban destaca que esses ataques ferem a dignidade e a identidade de populações e suas raízes históricas e religiosas. Ao condenar tais atos, o chefe da ONU pede que os acusados sejam condenados. Ele também elogia o TPI pelo esforço neste sentido.
Mausoléus
Al Mahdi, conhecido pelo nome de guerra “Abou Tourab”, está preso sob custódia do TPI desde setembro. Ele é acusado de destruir 10 monumentos de “valor imensurável” em Timbuktu, incluindo mausoléus sagrados muçulmanos.
Segundo o TPI, Al Mahdi é integrante do grupo islâmico Ansar Dine e tem envolvimento com a Al-Qaeda e o Maghreb Islâmico. Ele participou de ações desses grupos, com o objetivo de impor ideologias e dominar a população do Mali.
O TPI tem evidências para comprovar o papel central de Al Mahdi nas operações em Timbuktu, afirmando que ele teria escolhido os locais a serem destruídos e coordenado a sequência das ações. O julgamento deve durar de dois a três dias.
Monumentos de Timbuktu, no Mali. Foto: Minusma/Marco Dormino
Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.