A enviada especial da Agência da ONU para Refugiados, Acnur, Angelina Jolie, renovou seu apelo de socorro para os refugiados do conflito na Síria.
Após realizar a quarta visita à Jordânia para conferir de perto a situação dos refugiados, a atriz americana afirmou que todas as famílias que vivem no acampamento de 60 mil pessoas passaram por traumas e perdas.
Cicatrizes
Jolie esteve no campo Azraq, em 9 de setembro, onde conheceu uma família obrigada a fugir do movimento terrorista Daesh na cidade de Raqaa. Desde então, eles já se mudaram 20 vezes à procura de segurança dentro da Síria. A mãe sofreu vários abortos indesejados e dois irmãos e uma irmã foram mortos durante um bombardeio.
A enviada do Acnur comentou a situação de adolescentes que carregam as terríveis cicatrizes físicas e mentais do conflito, incluindo um menino de 13 anos ferido pelos estilhaços de uma bomba barril.
Mais da metade dos refugiados na Jordânia tem menos de 18 anos. A atriz comentou que pensa nos próprios filhos que estão nessa idade e se pergunta o que faria se fosse a mãe destas crianças sírias.
Assembleia Geral
Angelia Jolie falou sobre 75 mil sírios que estão na cidade de Berm, considerada uma “terra de ninguém” na fronteira com a Jordânia. O grupo inclui crianças, grávidas e pacientes em estado grave. Eles estão sem comer desde o início de agosto. Não existe ajuda humanitária muito menos uma forma de evacuar os feridos pela guerra.
Segundo a atriz, nenhum dos princípios de proteção da lei humanitária internacional está sendo respeitado.
Ela disse que este não é um problema da Jordânia e que o país não deve ser abandonado na hora de abordar a questão.
Angelina Jolie afirmou que apesar das boas intenções e da generosidade dos países anfitriões, a comunidade internacional não está usando todas as ferramentas que tem em mãos para ajudar o povo sírio.
Ela observou que o Conselho de Segurança, depois de mais de cinco anos, continua dividido na maneira de como alcançar um acordo político. E o uso deliberado de cercos, bombas barril, ataques a hospitais e, segundo relatos, ataques com armas químicas continuam todos os dias.
A atriz voltou a apelas a líderes mundiais que se preparam para ir aos debates da Assembleia Geral da ONU, em 10 dias, que perguntem pelas causas fundamentais do conflito sírio, e o que é preciso fazer para acabar com a guerra.
*Apresentação: Michelle Alves de Lima.
Angelina Jolie. Foto: Acnur/O.Laban-Matte (arquivo)
Monica Grayley, da Rádio ONU.*