O Escritório da ONU sobre Drogas e Crime, Unodc, divulgou nesta quarta-feira um relatório sobre tráfico humano. O documento revela que as crianças representam um terço das vítimas.
Juntas, mulheres e meninas formam 71% das pessoas traficadas mundialmente e a maioria acaba sendo vítima de casamentos forçados ou de escravidão sexual. Por outro lado, homens e meninos são explorados para o trabalho forçado, principalmente para o setor de mineração, ou obrigados a atuarem como soldados ou escravos.
Brasil
O tráfico para a remoção de órgãos é também uma realidade em muitos países. Em regiões como a África Subsaariana, a América Central e o Caribe, as crianças representam mais de 60% das vítimas de tráfico humano.
O relatório do Unodc traz alguns dados sobre o Brasil, com números apresentados pelo governo. No ano de 2012, o país detectou 3.727 vítimas de tráfico humano e em 2013, foram 2.659 vítimas de exploração sexual ou trabalho forçado.
Também em 2013, as autoridades brasileiras condenaram 36 pessoas pelos crimes. O Unodc destaca que foi sancionada recentemente uma lei de combate ao tráfico de pessoas no país.
Migração e Refúgio
O diretor-executivo do escritório da ONU revela que as pessoas que escapam de guerras ou perseguições estão mais vulneráveis ao tráfico humano. Yury Fedotov cita como exemplo o aumento no número de vítimas da Síria, desde o início do conflito no país.
A ativista Nadia Murad é mencionada no relatório, já que foi prisioneira dos terroristas do Isil, ao lado de milhares de mulheres da minoria yazidi do Iraque. Atualmente, a iraquiana é Embaixadora da Boa Vontade do Unodc para a Dignidade dos Sobreviventes de Tráfico Humano.
Recomendações
O levantamento do Unodc destaca que os traficantes e as vítimas muitas vezes são da mesma região, falam a mesma língua ou têm a mesma etnia. Entre 2012 e 2014, foram registrados mais de 500 fluxos de tráfico humano, como vítimas da África que foram enviadas para cerca de 70 países.
O Unodc comemora o fato de que 158 países já criminalizaram o tráfico humano, o que é “um grande avanço desde 2003, quando apenas 18% dos países tinham leis a respeito”.
O Escritório da ONU sobre Drogas e Crime destaca, entretanto, que são necessários mais recursos para identificar e auxiliar as vítimas do tráfico de pessoas e melhorar a resposta da Justiça em relação à investigação e à condenação dos responsáveis por esses crimes.
Leda Letra, da ONU News em Nova York