Sou um otimista por natureza. Acredito no amanhã e no ser humano. Em parte pela formação cristã e, talvez, por ter dedicado a maior parte de minha vida ao comércio, onde somos obrigados a abrir as portas pela manhã à espera de algum negócio, faça sol ou chuva, com crise ou sem crise, com mudança de moeda ou sequestro do dinheiro da poupança, quebra de banco ou mesmo reforma econômica e desvalorização da moeda.
Nunca desisti de melhorar minha comunidade e o meio no qual vivo. Seja por intermédio do meu trabalho profissional ou como voluntário nas diversas instituições que procurei servir, sempre acreditei nos movimentos em prol de uma cidade e um país melhor.
Nos dias de hoje estamos assistindo uma verdadeira derrocada social do País, com forte reflexo em nossa comunidade. Os avanços conquistados se perderam em menos de uma década por pura irresponsabilidade e insanidade de certos maus políticos, que insistem nos erros, criando blindagem jurídica para seu pares e colocando ‘lobo para tomar conta do galinheiro’.
Agora, fazer o que? Acreditar em quem, se grande parte dos representantes do povo está envolvida em denúncias de corrupção, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, conforme divulgado pela mídia.
Neli Eras experiente advogada, ex-presidente da OAB – Seção São José Campos, sempre comentou que o pais ia mudar quando a Justiça mudasse. E olhe que ela falava isto antes da promulgação da Constituição Cidadão de 1988. A sociedade vive vários avanços, entre eles a mudança de correlação de força entre o Ministério Público e outros órgão da Justiça.
Diante de tanto desgoverno e desordem social, tenho comigo que o Pais, que já cassou o mandado de dois presidentes, não vai acabar se houver a queda de um terceiro. E nem se a maioria de nossos políticos, independentemente de partido, ideologia ou credo, forem pra cadeia ou ‘saírem’ da vida pública.
O que realmente não dá mais é para a sociedade continuar refém de ‘verdadeiros bandidos’ que nos tiram a liberdade, como está acontecendo em Vitória, no Espírito Santo. Independente da categoria, não dá mais para aguentar ‘gente inconsequente’ invadindo e destruindo bens públicos e propriedades particulares e ficando impune no final da noite.
Chega de pagar um salário mínimo para o trabalhador e até oito salários mínimos para manter um preso atrás das grades. Chega de aceitar o Estado paralelo comandando a bandidagem de dentro dos presídios. Chega de demagogia com recursos públicos, chega de sistema falido da Previdência Social, chega de desigualdades e privilégios entre trabalhadores públicos e privados. Chega de ver as Forças Armadas ‘sem função’ e humilhada, chega de ‘Lei de Gerson’ para todos.
A história humana mostra que as sociedades evoluíram após vivenciarem catástrofes naturais e as criadas pelos homens. Mas infelizmente aprendemos mais com a dor e sofrimento e é possível alcançamos a paz e a segurança depois de grandes conflitos e guerras.
Está mais que na hora de procurar e acreditar no novo, no surgimento de novas lideranças que poderão implodir deste caldeirão, nas boas cabeças que estão em nossas universidades, centros de pesquisas e instituições não governamentais. Elas estão preparadas com conhecimentos e estarão prontas para ajudarem a produzir uma nova ordem social, com profundas mudanças nas relações entre sociedade e o Estado, gerido por méritos e respeito ao cidadão.
É momento de resistir, mudar e não aceitar o ócio, a desilusão de viver em um País que castra o futuro das novas gerações, o sossego dos idosos e as facilidades de vida em uma sociedade de faz de conta que está funcionando bem. E ‘vamos pra rua’ na busca por mudanças.
Cristovão Cursino
Ex-presidente da ACI de São José dos Campos