História da Fundação da Aldeia, da Vila e do Minicípio de Buquira
A Aldeia – Sua fundação e seus diversos nomes
A fundação da aldeia do Buquira foi regida pelas mesmas providências que fizeram surgir a maioria esmagadora das demais aldeias brasileiras, que depois evoluíram para a condição de municípios. Essas providências partiam da doação de sesmeiros católicos de áreas suficientes para a formação de uma aldeia, sob a invocação de Nossa Senhora (em diversos de seus títulos) ou de santos e santas do calendário, pois muitos nomes de localidades tinham como patronos os santos do dia da fundação ou de promessas feitas pelos devotos dos respectivos terrenos, doados para formar o “patrimônio do santo ou da santa”,nos quais a primeira providência era construir uma ermida ou uma capela, em torno da qual surgiriam as casa rústicas das futuras cidades brasileiras.
Assim aconteceu com São Paulo (de Piratininga), hoje uma das maiores metrópoles do mundo e a principal do Brasil, que começou com a capelinha de pau-a-pique construída pelo Padre Anchieta e seus índios no histórico Pátio do Colégio, em 25 de janeiro de 1554, há 437 anos.
A aldeia do Buquira (futuro Município de Monteiro Lobato) teve o seu início em fazendas que se formaram em sesmarias concedidas a Taubaté e Caçapava em, fora dessa destinação, o que de importante acontecia em todas as suas paragens era a penetração dos Bandeirantes, rumo às minas de Minas Gerais, quando das corridas em busca do outro e das pedras preciosas, sendo que esta última atividade levou os Bandeirantes até os confins de Mato Grosso ( ou paragens de Cuiabá).
Essa primeira fase – que nem aldeia ainda era – foi de poucos habitantes, isto é, os fazendeiros, suas famílias, seus serviçais ou escravos.
Embora a história cite o ano de 1830 como o do início do cultivo do café, que aliás cobria toda a área do atual Município de Monteiro Lobato, afirmando que a riqueza cafeeira perdurou apenas até o ano de 1880, a história da fundação da então aldeia do Buquira começa a tomar caráter de aglomerado urbano em 1853/1858 como a formação do “Patrimônio da Freguesia de Nossa Senhora do Bom Sucesso do Buquira” e conseqüente ereção da capela (onde hoje está a Matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso).
O Patrimônio começou com a doação de 130 braças quadradas de terras, antes de 1850, pela senhora Anna Martins da Rocha, citada em documento do Livro do Tombo da Paróquia, datado de 20 de dezembro de 1987, como falecida. Essa área era pequena para a formação de uma freguesia, por isso os fazendeiros José Manoel Freire (Comendador Freire), que era fazendeiro em Rezende (RJ) e também na freguesia da Buquira, capitão Francisco Alves Fagundes e Luciano José das Neves, ambos os fazendeiros do rio do Peixe, resolveram comprar outra área para que os terrenos fossem suficientes para a concretização da Freguesia de Nossa Senhora do Bom Sucesso de Buquira e compraram mais 200 braças quadradas, conforme escritura registrada no Livro do Tombo, cujo teor traslado em 20 de dezembro de 1897.
O texto, ao se referir aos três personagens da história da freguesia, citando que esta fora criada pelo deputado José Batista Barata, diz o seguinte: “… com a criação da Freguesia/pelo citado deputado/, em território desmembrado de Taubaté, teve começo a primeira igreja que teve neste lugar – 1950 – pelos esforços de três cidadãos que propugnarão (propugnaram) para o embelezamento do lugar que era um deserto …”
Em seguida cita a doação da finada Da. Anna Martins da Rocha, a compra de 200 braças quadradas, “…no lugar que estes compradores foram os que derrubaram a mata-virgem, para ser feira a primeira igreja, que sendo de madeira se estragou e precisou construir no mesmo lugar a existente (em 1987), pelos esforços do Comendador Freire, que foi o protetor do lugar até 1877, tendo falecido nesse ano”.
O mesmo documento do Livro do Tombo diz que em data de 10 de julho de 1879 as famílias do finado Freire, Fagundes e Neves fizeram doações dos terrenos para o patrimônio, como se vê no livro de notas nº4 “desta Parochia”. Seriam mais terrenos juntados ao antigo Patrimônio. Cita mais as seguintes doações: de Agostinho Ribeiro da Silva e sua mulher em 1º de novembro de 1880; de Dona Anna Thereza de Jesus Freire, na mesma data; de Vicente José dos Santos e sua mulher, em 25 de outubro de 1880 e por Cristóvam José de Moraes, em 1º de novembro de 1880, aumentando o “patrimônio da Villa. A divisão desses terrenos foi feita pelo engenheiro Joaquim Leocadio Freire, por ordem do Juiz de Capella Dr. João José de Moura Magalhães”.
Mencionam também a doação de quatro alqueires de terras (dois alqueires cada uma), feita pelo srs. Luiz Monteiro Gonzaga e Luiz Gonzaga de Mello.
Foi assim, por essas doações e pelo esforço dos três fundadores, que surgiu a freguesia, tendo Nossa Senhora do Bom Sucesso como padroeira.
Quanto a Nossa Senhora do Bom Sucesso é de se observar que esse titulo reúne duas invocações: a de Bom Sucesso e a Bom Parto, que nos vieram das devoções marianas dos portugueses, os quais invocavam o primeiro titulo para as grandes expansões marítimas na Índia e nas Américas e a Segunda invocação era em favor das parturientes, numa época em que a mentalidade era tão atrasada que tinha gravidez e o parto como doenças, ou pelo menos, tratava essas duas fases da procriação como doenças. Prova de que a mentalidade era essa, tinha-se no que diziam as mães às filhas que estavam para dar à luz: “no parto a mulher está com um pé na terra e outro na sepultura”.
O titulo de Nossa Senhora do Bom Sucesso era tão cultuado em Portugal, que a rainha Dona Catarina (quando substituiu o rei D. Pedro II de Portugal, que estava enfermo), ao confirmar a elevação de Pindamonhangaba à categoria de Vila em 10 de julho de 1705, o fez, contato que o patrono São José (São José de Pindamonhangaba), fosse substituído pela invocação de Nossa Senhora do Bom Sucesso, cumprindo promessa. Há, pois, duas imagens, uma da Santa tendo o Menino Jesus na vertical, isto é, do modo mais comum das mães partarem os seus filhos e outra de Nossa Senhora com os dois braços estendidos, tendo Jesus Menino assim sustentado. A primeira imagem é a do Bom Sucesso e a Segunda a de Nossa Senhora do Bom Parto. Esta última é a que está no altar da Matriz desta cidade de Monteiro Lobato, que até 1949 se chamou Buquira, por causa do Rio Buquira (nome tupi que significa “Ribeirão dos Pássaros”).
OS NOMES ANTERIORES DO MUNICÍPIO
O atual município de Monteiro Lobato foi formado em terras que pertenciam a Taubaté e começou a se destacar com a Freguesia (Instância eclesiástica), criada pelo Deputado José Baptista Barata.
A freguesia foi criada com o nome de Freguesia de Nossa Senhora do Boquira (ou Buquira), mas na ata da primeira sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Taubaté, realizada em 8 de outubro de 1857, que estava sob a presidência do Dr. Barata, a localidade é citada como Freguesia das Estacas.
Em 29 de outubro de 1879, no texto de um “ato de penhora e depósito” o nome é citado como Vila das Palmeiras do Boquira, da seguinte forma: “Auto de Penhora e Depósito – … dirigi-me ao pátio da Quitanda d´esta VILLA DAS PALMEIRAS DO BOQUIRA, em a Rua São Bento, aonde fui vindo eu José Olympio Monteiro, Oficial de Justiça de Paz, e etc.
Na Lei nº 149 de 26 de abril de 1880, que elevou à localidade a categoria de Município, aparece o nome de Município de Buquira e na elevação a cidade continua o nome Buquira (Lei nº 1.038 de 19.12.1900). Quando da criação do Distrito, pelo Decreto nº 6.448, de 21 de maio de 1934, também é citado Distrito de Buquira.
Finalmente, pela Lei Estadual nº 233, de 24 de dezembro de 1948, que restabeleceu a condição de Município ao apenas Distrito de Buquira, o nome da cidade foi mudado para Monteiro Lobato, em homenagem ao festejado escritor José Bento Monteiro Lobato, que viveu na Fazenda do Visconde (depois Sítio do Pica-Pau-Amarelo), que fica no território do Município (na estrada que vai para Caçapava e Taubaté), onde escreveu muitos de seus livros, como o Urupês.
São, portanto, cinco os nomes que teve o município, antes do atual, ou seja:
1) Freguesia de Nossa Senhora do Bom Sucesso do Boquira – 1853/1857
2) Freguesia das Estacas – 08/10/1857
3) Vila das Palmeiras do Buquira – 29/10/1879
4) Município de Buquira – 26/04/1880
5) Município de Monteiro Lobato – 24/12/1948
Fonte:http://www.monteirolobato.tur.br/historico.php
Foto: Acervo / Prefeitura Monteiro Lobato